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QUARTA-FEIRA, 28 DE JULHO DE 2010
Hipnose ajuda pacientes com medo de fazer exame de ressonância magnética
Pacientes com claustrofobia podem precisar de sedação para serem submetidos a exame de ressonância magnética.
Para muita gente, hipnose é coisa de charlatão. Mas a técnica, reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (Parecer nº 42/1999), é aplicada por médicos, psicólogos e dentistas como terapia complementar para ajudar pacientes a vencer o tabagismo, a dor crônica e o medo patológico, entre outros problemas.
Um pequeno estudo conduzido no Hospital São Camilo, em São Paulo, mostra que a hipnose pode ser útil para pacientes que sofrem de claustrofobia (aversão a ambientes fechados, como elevadores) e precisam ser submetidos a exames de ressonância magnética. Quem já passou pelo procedimento sabe o quanto é desagradável: é preciso ficar imóvel e o barulho é forte.
De acordo com o cardiologista Luiz Velloso, do Grupo de Hipniatria e Hipnoterapia do hospital, cerca de 5% dos pacientes que precisam passar pelo exame simplesmente não conseguem entrar no equipamento. A pessoa não para de se mexer, ou pede para sair, conta.
Quando o medo torna o exame inviável, é preciso remarcar o procedimento e fazê-lo com sedativo, o que possui desvantagens: No caso da ressonância cardíaca, por exemplo, é preciso pedir para o paciente interromper a respiração algumas vezes, o que não dá para fazer quando ele está sedado. Além disso, a exigência do anestesista aumenta o prazo para marcação do exame, e o paciente precisa estar em jejum e acompanhado. Por tudo isso, surgiu a ideia de se utilizar a hipnose, técnica que o cardiologista aprendeu quando ainda era estudante.
Dos 20 pacientes que precisavam fazer o exame e não tinham conseguido em ocasiões anteriores, 18 foram suscetíveis à hipnose. Dois não compareceram e, ao todo, 15 completaram o exame em transe hipnótico, sem precisar de sedação, o que representou 93,8% de sucesso. O estudo foi publicado na revista Radiologia Brasileira, do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.
Consciência
Diferente do que se vê em filmes e circos, o transe não é um estado em que a pessoa fica insconsciente e totalmente vulnerável aos comandos do hipnólogo. Você não consegue hipnotizar alguém que não queira, explica Velloso, que compara a técnica a práticas meditativas.
Inicialmente, o paciente hipnotizado é convidado a imaginar que está em um ambiente relaxante e, então, o profissional começa a usar o sugestionamento. Para os pacientes que imaginavam estar em uma praia, por exemplo, o médico dizia que o barulho do equipamento de ressonância era o som das ondas.
Para a tradutora Elaine Pereira, que participou do estudo, o barulho da máquina foi associado a cachoeiras. Eu fiquei consciente, mas é como se eu não estivesse lá, lembra. Como outros pacientes, ela achou que o exame tinha demorado cinco minutos, quando na verdade chegou a quase uma hora.
No São Camilo, a hipnose também é utilizada em programas antitabagismo, no tratamento da dor crônica e da náusea provocada pela quimioterapia. Não substitui remédios, não é milagroso, mas ajuda bastante, garante. Também está em andamento um novo estudo, desta vez para tratamento em câmara hiperbárica, outro procedimento desagradável para quem não suporta ambientes fechados.
Editora do UOL Ciência e Saúde
MARCOS VALÉRIO DANTAS

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